
Vítor Costa, vereador da CMVC, fala de uma comunidade fechada e desconfiada, com sub-comunidades de acordo com a província de origem, sendo que a maioria vem de Zhejiang. Os chineses foram-se abrindo aos portugueses pela necessidade – serem fechados é mau para o negócio – e pela aculturação que a aprendizagem do português permitiu: “Há muitos nascidos em Vila do Conde e há outros que cedo começam a frequentar as escolas, falam fluentemente português e integram-se melhor”, aclara Vítor Costa. Porém, a situação de ilegalidade de alguns chineses e a menor transparência de alguns negócios obriga a um resguardo maior.
Em 2006, uma vaga de crime e insegurança afectou a Varziela. Assaltos, incêndios propositados de armazéns e casinos ilegais foram dos crimes mais frequentes, causando mau estar na comunidade. “As autoridades tiveram que intervir porque aquilo ameaçava transformar-se num barril de pólvora. A segurança foi restabelecida”, conta o vereador.
Outra faceta dos chineses é serem gastadores. Ding Ning, estudante de mestrado intercultural em chinês e português, diz que “os chineses gostam de show”. Ding, que foi tradutora-guia desta reportagem, explica o gosto generalizado pelos automóveis caros e o sucesso da exportação de vinho pelo significado cultural que isso tem: “Comprar coisas importadas é sinal de elegância, de diferença”.
Vivem para o negócio mas ambicionam mais. Hoje o comércio de revenda é fraco e há que apostar noutros sectores para manutenção do capital ganho e investido. A grande vantagem competitiva dos chineses, que se enraíza em material e mão-de-obra baratos, perde cada vez mais força pelas oscilações económicas: com o euro a desvalorizar e o yuan a subir, o negócio da importação fica mais difícil, chegando o custo de produção e o ordenado a ser igual em Portugal e na China.
MADE IN CHINA